O conselho de administração da Brasil Ecodiesel, uma das maiores produtoras de biodiesel do país, decidiu vetar a proposta de incorporação da produtora de soja e algodão Vanguarda.
De acordo com pessoas ligadas à Brasil Ecodiesel, a proposta foi rejeitada por maioria do conselho de administração, em reunião realizada ontem na sede da empresa, em São Paulo.
A incorporação criaria a maior empresa do setor de agronegócios do país, com faturamento estimado em R$ 1,6 bilhão em 2011.
Procurado, José Carlos Aguilera, presidente da Brasil Ecodiesel, disse desconhecer a decisão.
O veto foi uma consequência da decisão do conselho de negar a criação de um comitê independente para analisar a proposta e os benefícios da incorporação.
Pela proposta, a Brasil Ecodiesel teria que fazer um aumento de capital de R$ 1,2 bilhão para adquirir a Vanguarda. Na operação, as 1,08 bilhão de ações ordinárias (com direito a voto) da Brasil Ecodiesel foram avaliadas R$ 964,9 milhões, equivalente a R$ 0,89 por ação.
A formação do comitê era necessária porque o grupo Veremonte— controlado pelo investidor espanhol Enrique Bañuelos — tem participação indireta na Brasil Ecodiesel. Bañuelos é um dos maiores acionistas individuais da empresa, com 21% das ações, e ainda detém 50% da Vanguarda. Ele adquiriu 50% da empresa recentemente, por R$ 600 milhões. A outra metade pertence ao ex-deputado estadual Otaviano Pivetta.
Conforme antecipou o Valor , Silvio Tini, um dos maiores acionistas da Brasil Ecodiesel, estava disposto a convencer o conselho a barrar a aprovação da proposta. Se a incorporação fosse aprovada e Tini não participasse do aumento de capital, sua fatia — estimada em 15% — seria reduzida à metade.
Bañuelos promete reagir. Em recente entrevista ao Valor , o executivo Marcelo Paracchini, presidente da Veremonte no Brasil, afirmou que, se a proposta fosse rejeitada, a companhia convocaria assembleia geral extraordinária para que os 25 mil acionistas da Brasil Ecodiesel decidam a questão.
Denise Carvalho